11 de maio de 2012

A arte de ser encontrado por Deus

Padre Fábio, meditando o Evangelho de São João (cap.4) – a passagem da Samaritana –, ajuda-nos a entender a importância de rever o passado e projetar o futuro.
Você já pode perceber que uma pessoa, no momento que se encontra mais necessitada, torna-se também vulnerável? E há pessoas que têm o dom de nos seduzir.
Na leitura do Evangelho, a passagem da Samaritana (Jo, 4) aconteceu ao meio-dia. Essa mulher foi encontrada, talvez, no momento em que o corpo mais precisava de um cuidado.
O meio-dia representa, aqui, a separação daquilo que fizemos na manhã e o que vamos fazer à tarde. Esta "manhã" é simbolizada por aquilo que nos fez cansados, ou seja, o nosso passado, aquilo que já foi vivido. O perigo que podemos correr é de fazer, do período da "tarde", uma repetição daquilo que vivemos no passado do nosso dia, isto é, a nossa "manhã".
A "manhã" dessa mulher, como relata o Evangelho, foi toda errada, porque ela não alcançou seus objetivos. Então, entra Aquele por quem nos apaixonamos um dia: Jesus!
É Deus quem pede um favor para uma mulher que viveu uma manhã sem esperança. No diálogo com Jesus, a mulher recorda da sua manhã, reconhece-se "não merecedora"; vê-se totalmente tomada pela derrota. Só um olhar, como o de Jesus, para nos fazer esquecer tudo aquilo que não deu certo.
Às vezes, encontramos pessoas que nos fazem esquecer a nossa amargura, provocada pela vida. Jesus olhou para aquela mulher não para condená-la, mas para uma profunda cura interior.
Profeta não é aquele que nos aponta um futuro glorioso, mas que nos mostra aquilo que precisamos renunciar para, depois, assumirmos um futuro glorioso. Diante de Deus, máscaras não funcionam. O que aquela mulher precisava fazer era só ter a capacidade de dizer: "Eu sou isso".
Enquanto fingirmos para nós mesmos, não iremos a lugar nenhum; enquanto não reconhecermos as nossas necessidades, nossas lutas e nossos males; enquanto não dermos nomes aos nossos inimigos e olharmos nos olhos deles, eles serão maiores do que nós. Enquanto tivermos medo dos malefícios da "manhã", não seremos capazes de entrar na "tarde" com as cores de ressurreição.
É impossível amar o outro se antes o amor de Jesus não estiver amando em nós e não estiver nos devolvendo, o tempo todo, a nós mesmos. Quando nos amamos, o que, na verdade, estamos fazendo não é trazendo o outro para nós, pois isto é equivoco, é a "manhã" que não deu certo. Amor de ressuscitados, amor de homens e mulheres que acreditam em Deus não é amor que retém, é amor que devolve ele a ele mesmo. Amor humano é devolução, é restituição. A pessoa que aceita qualquer coisa também será deixado por qualquer coisa.
Quantos de nós temos de passar pelo duro aprendizado de dizer "não deu certo". Essa é a coragem de olhar para nós mesmos e reconhecermos: "Não deu certo, mas ainda pode dar". Por orgulho, nós mentimos para o outro. Jesus deu a força para aquela mulher reconhecer: "Eu não nasci para viver essa condição de miserável eternamente".
Na sua vida, você faz a experiência de encontrar e de ser encontrado. Tantas vezes você esbarra naquele irmão que você já não vê há trinta anos e por quem já não sente mais nada. Irmãos que, há tanto tempo, não se encontram, porque não têm a coragem de contar a sede que têm do outro, e este não sabe que seu irmão está sedento.
Quantas relações humanas estão falidas porque as pessoas não conseguem mais reinaugurar um ao outro.
Às vezes, somos especialistas em colocar os olhos somente naquilo que não deu certo em nós.
Sabe o que mais me fascinava no padre Léo? A capacidade que ele tinha de não olhar a prostituta, mas de ver a mulher.
Comece pelos pequenos gestos, nem que seja lavando um copinho sujo de café. Eu sei que você tem realidades muito concretas, sobre as quais você pode dizer: "Eu não fui fiel, eu não fui irmão; eu fui pelo caminho da prostituição. Eu corri atrás do retrocesso, ao invés de correr atrás do poço de água limpa para por atenção na manhã que não deu certo. Confiei em estranhos, ao invés de confiar naqueles que me colocaram no mundo. Permiti que muitos me jogassem no barro da indiferença e esqueci-me de quem eu era". Eu o desafio, agora, a estar sentado à beira do poço.
Ao invés de um rosto marcado pela revolta, no rosto de Jesus você encontra amor. Você pode correr para Jesus, pois a sua "manhã" só pode ser esquecida se você fixar o seu olhar no rosto d'Ele; neste olhar que pode reinaugurá-lo e tirar a placa que lhe dizia "falido".
Hoje, receba a placa que diz: reinaugurado por Jesus.
Foto
Padre Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

Como rezar o Rosário

Você reza o terço? Já viu imagens de Nossa Senhora representando-a tal como apareceu em Lourdes e em Fátima? Maria está com o terço na mão. Ela acompanhou silenciosamente, passando as contas, o terço que a menina Bernardete rezava na gruta de Lourdes. E, em Fátima, também com o terço na mão, a Santíssima Virgem pediu aos Três Pastorinhos que o rezassem todos os dias.

Tomara que algum dia você possa dizer, como o Papa João Paulo II: «O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade!». Mas, para isso, será preciso que comece a rezá-lo e, se já o reza com frequência, que aprenda a fazê-lo cada dia melhor. Vamos ver como podemos fazer isso.

Primeiro, vencer as dificuldades:

1) Uma primeira dificuldade: “Não sei rezar o terço”, “Não conheço os vinte 'mistérios' (ou seja, os cinco correspondentes a cada um dos quatro 'terços' que compõem o rosário), não os sei de cor”. Solução: comprar logo, ou pedir a alguma pessoa amiga, algum folheto ou livrinho de orações (há muitos!) que traga a explicação dessa oração: como rezá-lo, quais são os mistérios, que mistérios devem ser rezados nos diferentes dias da semana… É fácil. Pessoas simples aprenderam tudo isso em pouco tempo. Se você “quer”- se “quer” mesmo - não lhes ficará atrás.

Um esclarecimento: a pessoa que o reza sem conhecer ou lembrar os “mistérios” faz, mesmo assim, uma oração válida, ainda que, naturalmente, ele fique incompleto (mas é melhor rezá-lo incompleto do que não rezá-lo).



Assista: "Nos braços da Mãe de Deus", com padre José Augusto



2) Segunda dificuldade: “Não tenho terço” (o instrumento, o terço material, com as contas, a cruzinha, etc.; ou então o terço em forma de anel, que se usa girando no dedo). Compre-o, que é baratíssimo, e, enquanto não o tiver, conte nos dedos. Mas tenha em conta que vale a pena usar o terço material: se o seu terço (de contas ou de anel) foi bento por um padre ou diácono, ao usá-lo para rezar você ganhará indulgências (Por sinal, você sabia que pode ganhar nada menos que a indulgência plenária - com as devidas condições -, quando o reza em família, ou comunitariamente, num grupo?).

3) Terceira dificuldade: “Não tenho tempo de rezar o terço”. Essa desculpa “não gruda”. O terço pode ser rezado, se for preciso, andando pela rua, fazendo exercício físico de corrida, indo de ônibus, metrô ou trem, guiando carro (melhor do que se irritar com o trânsito), na sala de espera do médico ou do laboratório, em casa, entre outros. E você pode rezá-lo sentado, andando, de joelhos e até deitado (se estiver doente ou em repouso forçado, etc.).

Por sinal, não sei se você sabe que, nas livrarias católicas, são vendidos CDs com o rosário e que também há arquivos em áudio para player portátil. Basta ligar o áudio e ir respondendo ou acompanhando o que ouve.

4) Finalmente, a dificuldade mais comum é a aparente monotonia. “Dizemos sempre a mesma coisa”. “A repetição de tantas Ave-Marias acaba ficando mecânica, cansativa, sem sentido”. “De que adianta fazer uma oração tão repetitiva, que fica rotineira, parece oração de papagaio…”?

Deus faça que, após tê-las lido e, sobretudo, depois de tentar aplicá-las, você dê a razão às palavras de São Josemaria: «Há monotonia porque falta Amor».
Padre Francisco Faus

Ser Mãe é Padecer no Paraíso




Tantas vezes ouvi este ditado e, hoje, quero manifestar a minha interpretação sobre ele. Será que isso é ruim? A expressão padecer traz esta conotação negativa, pesada, mas, na verdade, não é bem assim…
As mães vivem um certo desconforto desde a gestação (enjoos, azia, inchaço).

 No parto com suas dores próprias, depois nos primeiros dias a adaptação e interpretação do choro do bebê, o sono, o cansaço. São situações reais que parecem eternas pela intensidade, mas, de repente, passam… E alguns meses depois, o padecimento é outro: voltar ao trabalho e deixar o filho, afinal ninguém vai saber cuidar do filho como a mãe. Doce ilusão!

Mais adiante, a entrada na escola. “Quem será o professor?”, “Será que vai acompanhar a aula?”, “O que vai comer no lanche?”, “Quem serão os colegas?” “E se alguém bater no meu filho?” Nós insistimos em viver a vida dos filhos e, com isso, “padecemos”, pois não temos o mesmo entendimento das crianças. E quando chega a adolescência? Nossa! Aí entra outra fase. Só mudam as preocupações, filho criado, trabalho dobrado…

Assista: "O maravilhoso dom da maternidade", com Emmir Nogueira


Mas e aquilo que plantamos na educação deles? Não valeu a pena? As mães de hoje são, na sua maioria, frutos da geração de transição do feminismo e do sexo, drogas e rock'n roll. Achar o equilíbrio não é fácil. Anterior a nós houve a geração de pais que acreditavam que a liberdade era a melhor opção de educação para os filhos vivendo o “é proibido proibir”.

Hoje já percebemos que os limites são necessários na formação de qualquer ser humano. E por isso, às vezes, dar um “não” ao filho chega a ser um padecimento, pois sabemos que ele(a) queria muito tal coisa ou tal situação, mas percebemos que não é o melhor naquele momento, e isso gera um certo desconforto no relacionamento entre mãe e filho(a).

Aí mais do que padecer é compadecer, é sofrer, pois apesar de estarmos conscientes da decisão tomada não gostamos de ver nosso(a) filho(a) triste. E mais uma vez, apesar de toda intensidade, veremos que isso também vai passar!

Assim como nós que, hoje, neste papel de mãe, reconhecemos e aceitamos a postura que as nossas mães tiveram conosco. E pensamos: “Elas estavam certas…” Olhando tudo isso parece que o ditado está certo… ser mãe é padecer no paraíso. Agora é preciso dizer que tudo isso vale a pena!
Veja bem: vale a pena e não valeu ou está valendo… ser mãe vale por toda a vida? A presença, a realização, as conquistas, as alegrias e as tristezas de um(a) filho(a) não têm preço. Este é o nosso paraíso: a maternidade! As mães são capazes de abrir mão e renunciar a várias coisas na vida, somente não conseguem renunciar a maternidade. Esta é inegociável!
Parabéns a todas as mães, avós, tias, madrinhas, sogras… que, de uma forma ou outra, são mães em nossas vidas!
Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, nos ensine e conduza na vivência da maternidade segundo o coração de Deus!

Carla Astuti - Comunidade Canção Nova